Pintura de Suzy Bila na Bienal de Arte de Macau

“Paisagens interiores” é o título da exposição da artista moçambicana Suzy Bila, inserida nas mostras paralelas da Art Macao, Bienal Internacional de Arte de Macau 2023. As obras de pintura estão patentes na Artyzen Grand Lapa Macau Hotel Lobby, numa organização e curadoria da Amagao Gallery. 

Suzy Bila que se destaca a partir da diáspora pinta as emoções com tons profundamente monótonas, que crescem com a imaginação e puxam pelas experiências de vida às vezes pouco acedidas ou inalcançáveis, pela interferência da pressão dos dias.

As telas enormes, que cobrem o campo da visão, como se nos convocassem para a imersão que escapa aos dias, é capaz de atrair para um conjunto de sensações, fazendo com que a mensagem varie da personalidade de cada um. Aí está o valor da criação de Suzy Bila, o apreciador é tido como parte do processo, aquele que dá significado à obra. 

Na mostra “Paisagens interiores” cuja selecção das obras foi feita com a Amagao Gallery que se deslocou até ao atelier da artista no Alentejo, em Portugal, Suzy expõe o interior a partir de um mundo divergente. Os tempos pandêmicos terão afectado o seu processo criativo, como as narrativas da vida, do existencialismo e dos conflitos do interior da alma.

“A minha relação com a arte é de uma prática que se abraça à vida como resposta a questionamentos. Vivo de processos dinâmicos sujeitos a influências de um mundo em metamorfose. De vida refletindo diferentes universos contemporâneos. De problemáticas que abraçam o mundo continuamente.”, explica.

Esta forma de ver o mundo a partir da espiritualidade e da complexidade da alma humana, faz com que Suzy Bila esteja numa outra dimensão da arte. Aquela que não segmenta nem fragmenta. Retira o apreciador dessa condição, para que ele molde os mundos que possui no seu âmago. “A arte flui em diferentes territórios de forma espontânea é com eles que aprendo a entender a fluidez de um caminho para a libertação espiritual e das amarras físicas e biológicas.”, afirma.

Dá-nos a sensação de que a alma é um lugar vazio, que precisa da arte para ser preenchido. Ou então, porque não enxergamos tudo e daí os vazios, as ausências, a provável angústia e a tentativa que temos de preencher os espaços na sua tela monocromática. 

Se calhar se explique pelas palavras da própria artista. “No meu caminho artístico, cada momento está carregado de uma intensidade própria, não prevejo o final, tudo é vida.”

A exposição “Paisagens interiores” pode ser vista até dia 06 de Outubro de 2023. Suzy Bila, de nome oficial Maria Suzete Bila para além de artista plástica é escritora e educadora. Nasceu a 23 de agosto de 1974 na cidade de Maputo e inicia o percurso artístico em 1993, no atelier do artista moçambicano, Noel Langa. Publicou o livro infantil “Lamura” (2021) pela Escola Portuguesa de Moçambique. 
Por Eduardo Quive

Artigo por

edson.mandlate

Agosto 30, 2023

Artigos relacionados

Festivais com um toque africano aqui e ali

 “Corpos Hiperligados: propostas para o Pós-Antropoceno”: compreende o tema do MFF-Festival 2024

Instalações únicas no festival, artistas moçambicanos em destaque

New Narratives: as exposições imersivas entre a história e a tecnologia

Residência criativa New Kids afina-se para surpreender no MFF 2024

MFF transforma edifício comercial em centro de ideias e criatividade

Quando a arte faz barulho em Landerneau:

Exposição junta 25 artistas que desafiam narrativas dos tempos actuais