Três instalações imersivas, colocam em diálogo a tecnologia e a criatividade artística para construir e apresentar narrativas que re-imaginam o futuro. As exposições integram o programa denominado “New Narratives”, nesta edição do MFF-Festival, 2024 e todas estarão abertas ao público a partir do sábado, dia 19, às 19 horas no 13º andar da JFS Corporate Tower.
New Narratives, com a curadoria de João Roxo, irá explorar a narração de histórias através de novos media e realidade virtual (XR) e permitirá que o público e a comunidade digital de Maputo experimentem a interação e novas possibilidades de participação.
São obras individuais, segundo explica João Roxo, mas que, de certa forma, se relacionam entre si, ligando a arte, história até a arquitectura em diálogo com os desafios globais que afectam o modo de ser e estar das pessoas.
“Convidamos cada um dos artistas a apresentar algo que tenha alguma ligação com o tema desta edição”, afirma João Roxo e reforça que “é aí onde entra esse exercício de curadoria, de tentar estabelecer ligações dos conteúdos todos, tanto das exposições, dos painéis e conferências, como das rodas de saberes, porque assim nós temos a oportunidade de trazer pensadores e artistas de práticas diferentes para não só exporem o seu trabalho, mas também para engajarem uns com os outros”.
A mostra “Mganga Wa Kitui”, de Walid Kilonzi, investiga a relação intrincada entre feitiçaria e religião africana num contexto contemporâneo. Situada no ambiente vibrante da tribo Akamba, agora uma comunidade metropolitana movimentada, a narrativa explora a colisão entre a modernidade e a magia antiga, conduzindo a uma profunda viagem de auto-descoberta e de renascimento cultural.
A etíope-americana Ainslee Alem Robson traz a instalação intitulada “Ferenj”, que é um diálogo visual entre a memória, a realidade e o digital, numa paisagem de sonho afrosurreal criada a partir das memórias reconstruídas da realizadora, questionando o significado de casa e de identidade enquanto mestiça etíope-americana que cresceu no meio da dissonância cultural. O espectador é guiado através de fragmentos do Empress Taytu (o restaurante etíope dos seus pais em Cleveland, OH), para a casa onde cresceu e para as ruas de Addis Abeba, na Etiópia, através de uma conversa especulativa num só sentido entre o narrador e a Empress Taytu – o restaurante personificado como a histórica imperatriz etíope. A banda sonora é composta por êxitos do Ethio Jazz, bem como por uma gravação original em “krar”. O design de som é composto por sons encontrados, e a paisagem sonora de Adis Abeba interrompe cenas em Cleveland e vice-versa, avançando o conceito de uma casa “pós-espacial” interseccional que atravessa travessias, continentes e consciência. O arco narrativo desta história é impulsionado pela evolução da compreensão que Robson tem da sua identidade ao longo do tempo.
A outra instalação é da autoria de Meghna Singh and Simon Wood e intitula-se “Container”. Exibida no 78o Festival Internacional de Cinema de Veneza e no Festival de Tribeca 2022, a obra chega agora a Maputo. “Container” torna visíveis os corpos “invisiblizados” que permitem a nossa sociedade de consumo. Confrontando a escravatura através de um contentor marítimo em constante transformação, o passado torna-se presente, o invisível torna-se visível. Testemunhamos os cacos da sociedade: os fantasmas do passado e os espectros vivos do mundo moderno.
No mesmo sábado, o programa Novas Narrativas, apoiado em particular pelo Centr Cultural Franco-Moçambicano e pelo Banco Mundial, entre outros, inclui também uma Masterclass, na qual se pode inscrever aqui. Uma “roda de saberes” intitulada “Narrativas Imersivas” com participantes prestigiados do Quénia, África do Sul e França, e estúdios como Fallohide.Africa, Iconem Studio e Tshimologong.
Pode inscrever-se em todas rodas de saberes aqui.Vemo-nos no sábado na JFS Tower!