Quando se visita Tóquio pela primeira vez, é obrigatório perder-se no extenso bairro de Shinjuku ao anoitecer e descobrir a sua selva urbana estridente, deslumbrante e cheia de néons que nunca dorme. Shinjuku, um dos vinte e três distritos da capital japonesa, tornou-se mítico desde que o filme de Sofia Coppola Lost in Translation o imortalizou há vinte anos.
Mas entre o final de fevereiro e o final de abril deste ano, uma nova atração imperdível chamada Tokyo Night and Light apareceu no bairro, oferecendo aos transeuntes o maior video mapping do mundo alguma vez projetado num edifício, de acordo com o Livro dos Recordes. Este espetáculo digital gigante de 14 000 m², com 127 m de altura por 100 m de largura e alimentado por energia solar, ilumina o arranha-céus da sede do Governo Metropolitano de Tóquio todos os dias, desde o anoitecer até cerca das 21 horas.
Toda a fachada é então coberta por cinco projecções alternadas de motivos tradicionais e ilustrações de monumentos. Foram envolvidos vários artistas: O Ciclo Lunar foi concebido pelo coletivo Colors Creation, Evolution pelo belga Maxime Guislain, 800 por designers da BBC, que se inspiraram no novo single da cantora japonesa Aimer, bem como duas outras criações centradas na história e na natureza japonesas. Mas foi o Godzilla em tamanho real (100 metros de altura) que criou o burburinho!
As projecções acompanham todo o edifício, composto por duas torres gémeas de 243 metros de altura e 48 andares, ligadas por um edifício central que se assemelha a uma catedral e a um microchip, até ao último milímetro. Concebida e construída entre 1988 e 1991 pelo famoso arquiteto Kenzo Tange, um dos pais da arquitetura japonesa contemporânea, a sede do governo metropolitano de Tóquio também oferece ao público acesso gratuito a vistas deslumbrantes de uma das maiores cidades do mundo, com os seus quase catorze milhões de habitantes.
Há mais de uma década que o mapeamento tem vindo a fazer furor em todo o mundo, inebriando o público com o tipo de imagens em movimento que se encontram em exposições imersivas e obras de arte futuristas. A mania do vídeo mapping não tem fim à vista e a Team Lab, o coletivo sediado em Tóquio, tem-se destacado no género desde 2001.
“O Japão tem tecnologia e conteúdos de classe mundial, por isso, porque não tirar partido disso?”, disse Yuriko Koike, governadora de Tóquio, que quer utilizar os conteúdos dos filmes e desenhos animados japoneses para atrair cada vez mais turistas estrangeiros, apesar do custo exorbitante da operação. Em dezembro último, o Japão registou um recorde de 2,73 milhões de viajantes num mês, mais 8% do que antes da pandemia, e um total de 25 milhões até 2023. É muita gente para vir admirar o Monte Fuji, que cobre a Câmara Municipal de Tóquio em toda a sua glória.
Texto de Christine Cibert