Text by Chris
Se for ver a exposição Tangled pasts, from 1768 to the present. Art, Colonialism and Change na Royal Academy of Arts em Londres, mesmo à saída de Piccadilly Circus, até 28 de abril, não vai querer perder a escultura em tamanho real do artista Tavares Strachan, que se encontra de forma impressionante no pátio central do edifício.
A Primeira Ceia (Galaxy Black, 2023) é uma instalação monumental com mais de 9 m de comprimento e 2,5 m de largura, feita de bronze com pátina negra e folha de ouro, uma referência à atração europeia pela Costa do Ouro da África Ocidental no século XV. A longa mesa posta para esta refeição, deliberadamente composta por pratos africanos, lembra obviamente A Última Ceia – o emblemático mural de Leonardo da Vinci – mas, em vez de figuras bíblicas, é um grupo de notáveis de várias áreas, cientistas, activistas, artistas, figuras literárias e outras personalidades negras, que formam uma reunião simbólica de mentes brilhantes ao longo da história, realçando os contributos de indivíduos de diversas origens para o conhecimento e progresso da humanidade.
Os treze convidados incluem a abolicionista Harriet Tubman (1822-1913), os activistas Marcus Garvey (1887-1940) e Marsha P. Johnson, a política Shirley Chisholm (1924-2005), a enfermeira Mary Seacole (1805-1881) e a cantora e compositora Sister Rosetta Tharpe (1915-1973), o senhor da guerra Zumbi dos Palmares (1655-1695), o explorador Matthew Henson (1866-1955), a mulher trans e ativista LGBT Marsha P. Johnson (1945-1992), o engenheiro de som King Tubby (1941-1989), o poeta e dramaturgo Derek Walcott (1930-2017), o piloto de avião Robert Henry Lawrence (1935-1967), o antigo imperador etíope Haile Selassie (1892-1975) no papel de Jesus e, finalmente, Tavares Strachan (1979-) ele próprio no papel de Judas Iscariotes.
O artista concetual nascido nas Bahamas é conhecido pelas suas instalações multimédia contemporâneas que exploram a ciência, a tecnologia, a mitologia e a história. A Primeira Ceia já foi exibida em várias instituições de arte e eventos em todo o mundo, suscitando conversas sobre as intersecções entre arte, ciência, história e cultura. É um lembrete do poder da criatividade e da curiosidade intelectual para transcender as fronteiras e inspirar o progresso.
Texto de Christine Cibert.