Trabalho da fotógrafa moçambicana Yassmin Forte está em exibição no Museu de Arte Contemporânea, na capital portuguesa, na exposição intitulada “Emotional Encounters”, como parte da sétima edição do festival de fotografia Imago Lisboa, 2025.
Aberta desde o dia 20 de Novembro a exposição apresenta a série “This is a story of my family” (2022 – 2024), com fotografias que fazem a reconstituição da memória da família de Yassmin Forte, uma história de amor entre um militar português e uma moçambicana.
O resultado deste trabalho vai para além de uma história pessoal. Utilizando arquivos de família e seus retratos, a fotografia percorre o outro lado da história do colonialismo em Moçambique, reflecte sobre efeitos das migrações, contribui para mostrar a miscigenação, a complexidade das identidades que se moldaram a partir do processo colonial.
“As minhas imagens tentam dissecar e navegar pelos efeitos do colonialismo e da migração a partir da história da minha família. Abordam três aspetos: família, migração e a história dos africanos, utilizando arquivos familiares e as minhas imagens. Tento investigar como os africanos se tornaram o resultado de misturas, migrações e colonização, histórias misturadas e padrões repetidos e, dessa forma, desvendar a minha própria identidade africana.” descreve assim o seu trabalho Yassmin Forte.
Quanto à técnica se baseia na colagem sobre arquivos fotográficos da família, trazendo-lhes um toque da sociedade moçambicana contemporânea. “O uso da colagem exagera e enfatiza essa história com conflitos, às vezes imagens de família são literalmente colocadas em cima de cenas do Moçambique moderno e lembrado em uma justaposição de passado e presente. Usei a colagem como uma forma de construir um passado e a percepção da minha própria identidade”.
Esta colecção sobre a família de Yassmin Forte venceu o Prémio Internacional de Fotografia Africana Contemporânea, em 2023.
Com Yassmin Forte (Moçambique) estão as fotógrafas Aline Mota (Brasil) e Sofia Yala (Angola), cujos trabalhos igualmente percorrem histórias de família em como se buscassem um passado colectivo que moldou o presente.
Sobre o trabalho das três artistas, escreve a curadora Elina Heikka escreve: “Quando a brasileira Aline Motta soube que o pai desconhecido da sua avó era um jovem adolescente branco, filho do patrão, decidiu investigar a fundo a história da sua família. Como metáfora dos tempos do tráfico de escravos, Motta leva simbolicamente as fotografias dos seus familiares de volta às suas origens, em Portugal e na Serra Leoa. A série fotográfica de Sofia Yala documenta de forma simbólica o processo de investigação da artista, que procurou desvendar a história da sua própria família de origem angolana. Já o trabalho de Yassmin Forte retrata a complicada história de amor entre um pai que serviu no exército português e uma mãe moçambicana, marcada pelo legado das guerras coloniais”.

Escrito por: Eduardo Quive
Foto: Yassmin Forte