
Em 2024, África registou um número recorde de bloqueios da Internet — 21 em 15 países —, à medida que os governos restringiram o acesso digital durante momentos de protesto, agitação ou tensão política. Em alguns casos, grupos armados também interromperam a conectividade, atacando infraestruturas, o que aumentou a instabilidade.
O artigo intitulado Democracy, disconnected: the quiet rise of digital control analisa os dados apresentados pela Access Now e a coligação #KeepItOn, que aponta 2024 como o pior ano já registado no continente no que diz respeito a bloqueios da internet, e faz parte de um pico global de 296 interrupções em 54 países. Etiópia, Sudão e Senegal estiveram entre os mais afectados, com interrupções repetidas relacionadas a conflitos, eleições e agitação civil.

Moçambique, recorde-se, assistiu a cenários de restrições ao acesso aos serviços de internet, sobretudo de dados móveis e ao acesso às redes sociais, antecedido pela tentativa de subida de custo da internet fornecida pelas redes de telefonia.
Entretanto, a Índia é que liderou repetidamente os rankings globais e, no Irão, os bloqueios tornaram-se uma resposta padrão à agitação social.

Especialistas alertam para o facto de à medida que essa “moda” se espalha, a África enfrenta uma encruzilhada fundamental: “a conectividade digital servirá como uma tábua de salvação democrática ou uma alavanca de controlo?”
As desconexões forçadas não causam apenas transtornos às pessoas; elas remodelam sociedades inteiras. Em 2022, o custo económico global das interrupções da Internet foi estimado em mais de US$ 20 bilhões, com grande parte do impacto sentido em países de baixa e média renda. Em África, onde os serviços de dinheiro móvel e as plataformas digitais sustentam grande parte da economia informal, essas interrupções podem ser devastadoras.
Esta análise é feita por especialistas da ISS – African Future and Innovation, que pode ser lido na íntegra aqui.
Por: Eduardo Quive